quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Hoje senti a falta dos teus versos


Hoje senti a falta dos teus versos,
de corrigir as palavras que eram tuas,
de transformar os teus amores.
Hoje senti a falta
do azul das tuas flores.

Senti que me faltavam as rimas,
que me faltavam as sílabas tónicas,
que as vírgulas se retiravam do papel,
para se encontrarem nas entrelinhas
com os pontos de final.

As exclamações ficaram no final de cada frase,
envolvidas com as interrogações.
Dos verbos só saíram adjectivos.

Tentei as reticências,
mas apenas saíam pontos obtusos.

Os sonetos perderam a métrica,
transformaram-se em quadras soltas.
Rasgaram-se as estrofes acorrentadas,
entre as linhas de um poema adiado,
nas folhas rasgadas e atiradas ao vento,
que as arrojava por todo o lado.


Abro o jornal,
enquanto o ruído das janelas,
derruba as cortinas entre o lamento das ruas,
para encontrar outras palavras,

que não tenham letras tuas.


Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil