sexta-feira, 12 de outubro de 2007

A Solidão


Não me quebrem o silêncio,
nem o ruído destas folhas.
O silêncio é o rito inventado dos que se isolam,
o percurso invariável dos abismos,
o espaço que tu habitas e eu sonho,
que percorro nos limites proíbidos.

Não me apaguem as lajes da solidão,
a almofada de pedra onde me dobro.
As vozes são vagas e as sombras misteriosas,
as madrugadas calmas e as tardes inquietas,
mas os amantes espreitam escondidos,
entre as feridas das paixões secretas.



Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil

O Recanto


Um dia vou devolver a cidade.
Quero voltar às noites frescas de mantos brancos,
às veredas onde tenho o coração,
às pedras bordadas com a caruma dos pinheiros,
às quelhas que ocultam as marcas do meu chão.

Um dia vou voltar ao aroma intenso da lareira,
aos trilhos do passado,
aos dias que entardecem em luz suave,
ao cheiro da terra fresca,
aos recantos perfumados da saudade.

Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil