sexta-feira, 26 de março de 2010

Quantas Palavras


Quantas palavras preciso
para dizer tudo o que penso.
Quantas estrelas se dissolvem,
quantos rios esgotam águas,
quantas frases vacilantes
nos olhos que choram mágoas.

Quem tombará nos abismos
das ruas que agora piso.
Quem ficará preso às pedras,
quantos chegarão ao fundo,
quantos são amordaçados
nas nações livres do mundo.

Quantas quilhas vão romper
as águas fundas dos mares.
Quantos barcos vão ao fundo,
quantos sofrem abordagens.
quantos encalham na areia
dos baixios destas margens.

Quando irão romper no chão
somente roseiras bravas.
Quantos botões vão abrir,
quantas rosas são cortadas,
quantos braços vão crescer
com as folhas mutiladas.

Porque só nos aparecem
os deuses do apocalipse.
Quantos cultos professamos,
qual tem a voz da razão,
porque no eco dos templos
se apela à destruição.

Quantos homens vão morrer
até ser justa a verdade.
Quantos sonhos toleramos,
quantas mentiras nos ditam,
quantos perdem o sorriso
nas mãos de quem acreditam.

Qual o caminho a seguir
neste turbilhão andante.
Qual é a pátria da gente,
quais as lutas verdadeiras,
quantos mais irão tombar
nas batalhas derradeiras.

Nas cartas universais,
quem vai marcar as fronteiras?

Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil