sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Rumos



Lanço o meu olhar para além da breve poeira,
onde pardaceiam as silhuetas da orla da cidade.
Quantos se ausentam desejando outros rumos,
quantos procuram nas novas fronteiras,
com as ferramentas nas mãos,
as rotas derradeiras.

No lado de cá só os recortes das fachadas,
linhas cortando a brisa que incendeia a tarde.
Quantos se inventam nos cultos que jurámos,
quantos ocultam nas lutas que perdem,
as terras verdadeiras,
no sorriso dos que partem.

Não sei que pedras circundar para seguir outro caminho,
como é o sítio da gente nos mapas universais.
Prefiro rasgar de palavras a aragem do desatino,
onde as minhas mão sossegam
na brisa mansa dos devaneios.

Vou escolher ficar aqui sem rumo,
colhendo as amoras bravas dos teus seios.



Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil

A Chegada...



Chego acenando ao cais das amarras vazias,
onde não existem marinheiros ancorados,
nem gruas ou guindastes,
nem tesouros em ilhas desertas,
nem barcos ou tempestades.

Por isso regresso sempre aqui com as ondas nos olhos,
ao aço frio das linhas confusas.
Onde as fragatas não têm velas,
as frotas estão sem arrais,
e os mastros sem caravelas.

Porque é aqui que eu quero o fim da minha jornada,
que agarro o leme do meu tempo,
que as minhas linhas se juntam
e sinto o cheiro da terra molhada.
É aqui o porto da minha chegada.


Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil