quarta-feira, 28 de julho de 2010

Noite de Bruxas




Pisava pedras soltas, que brotavam,
a cada passo meu, na caminhada.
As mãos vazias, nadas que sangravam,
grotescos ritos nus na madrugada.

Bailavam vultos, clarões bruxuleantes,
rompem na noite as chamas da fogueira.
Os gritos, os uivos, gemidos dos amantes,
amando como se a vez fosse a primeira.

Voam morcegos sobre as árvores assombradas,
dançam à Lua, mariposas feiticeiras.
Andam as bruxas nos cruzeiros das estradas,
esvoaçam medos nos ramos das azinheiras.

Entre as silvas do caminho, saltam os sapos,
ouvem-se os mochos e as corujas a piar.
Grilam os grilos, ralam ralos, miam gatos,
uivam os cães e os lobos ao luar.

Noite das bruxas, meretrizes agoirentas,
ventres despidos, soltam brados na calada.
Rodando o corpo, em sinuosas danças lentas,
burlescos cultos nus na madrugada.


Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil