segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Apenas um Soneto



Corre-me um rio no coração encravado,
torrente aonde empurro a minha vida,
o vento forte de uma terra prometida,
as velas soltas do meu barco fundeado.

Sou somente a luz acesa, um sol ausente,
a voz do mar nas rochas e nas marés,
quando as ondas vêm bater nos meus pés,
e nos braços se enrola a areia quente.

Mas se as rochas despedaçarem o meu canto,
ou o sal se confundir com o meu pranto,
para depois a corrente me arrastar.

Ficam na praia apenas as mãos acenando,
as silhuetas das sombras vagueando,
enquanto a noite pede à Lua para voltar.



Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil