sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Sem Tempo


O dia entardece entre os varais abandonados,
entre as sombras sem tempo que a tarde consome,
entre as ruas desertas,
as lajes incertas,
e os velhos passos nos caminhos sem nome.

Mas de vez em quando gosto de parar e ouvir o tempo.
Sou um vagabundo das minhas raízes,
do pó das queimadas,
do desvario dos ribeiros,
da aragem do vento que sopra de norte.

Das aldeias mansas de casas caladas,
à espera que o tempo traga outra sorte.



Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil

Escura Densidade


É na brandura do Outono,
que o arvoredo solta as folhas amordaçadas.
Pousam mansamente ignoradas pela ventania,
enquanto eu procuro um tronco nu,
onde possa esmagar a flor da nostalgia.

Pousam entre o musgo e os galhos dispersos,
perseguidas pelo rasto dos répteis.
Deslizam suavemente como lágrimas,
na escura densidade das sombras confusas,
onde o sol amorna as ervas bravas,
entre os rêgos abertos pelas chuvas.



Texto: Victor Gil
Fotografia: Pedro Gil